Porque não acreditar nos gurus de marketing

Eles têm discursos realmente sedutores, mas é só isso o que podem oferecer

A Internet é propícia para alguns fenômenos que são muito específicos e que falam bastante sobre os nossos tempos. Um deles me toca em especial, por isso dá sentido ao assunto de hoje. Os gurus do marketing estão espalhados e, parece, só aumentam nas mídias sociais. Mas você não pode confiar neles e eu vou explicar o porquê.

Os motivos são muitos, na verdade, mas vamos tratar dos mais importantes para que a leitura tenha um tamanho adequado de tempo. Podemos começar pela (falta de) preparação que esses “profissionais” têm. E não se trata exclusivamente de formação acadêmica. Muitos desses que se colocam na posição de ensinar a ganhar dinheiro pela internet, com métodos fáceis, sabem muito pouco sobre o assunto do qual se pretendem professores.

É bastante comum, e sintomático da falta de repertório, o apego pelas fórmulas mágicas. Fazendo X passos você certamente terá sucesso, eles garantem. Mas, se é tão fácil assim, qual seria o motivo para que todos os clientes desse profissional não fossem cases de sucesso? Resposta: porque a promessa é mentirosa. Por melhor que seja a estratégia, ela sempre estará relacionada a uma realidade complexa, com variáveis, o que demanda o preparo mencionado no parágrafo anterior (que, justamente, falta aos gurus).

A propósito, guru é uma expressão bastante oportuna. Isso porque, entre as pessoas que prometem resultados garantidos, há uma similaridade: o discurso é quase religioso. Ou seja, eles se utilizam de gatilhos que levam você a pensar que está encontrando algo ainda pouco conhecido, mas absolutamente verídico e irrefutável. Por que justamente você mereceria uma oportunidade assim tão incrível? Desconfie sempre quando a conversa for por aí.

Outros dois pontos importantes de convencimento dos gurus do marketing são a exposição do sucesso de alguns de seus “alunos” ou o seu próprio sucesso. Começando por este último, vale a pena investigar, primeiro, se o sucesso (leia-se aqui ganhos financeiros, que são a medida de sucesso para muitos deles) é verdadeiro. E, ainda que de fato exista o mencionado sucesso, isso não é prova de bom trabalho, dado que, em uma busca malfadada pelo ouro, o vendedor de picaretas não deixa de enriquecer.

No que se refere ao sucesso dos mentorados, alunos, seguidores, ou qualquer outra definição própria dessas abordagens, cabe refletir sobre quantidade e qualidade. Quantidade porque, se alguns daqueles que são atendidos têm bons resultados, mas a gigantesca maioria não tem, isso pode significar que o método vendido funciona… para uma ínfima minoria. E talvez até que a minoria não esteja indo bem por causa do método em si, talvez a relação causal não exista.

Uma análise qualitativa desse processo é fundamental para entender, definitivamente, que confiar nos gurus de marketing é uma furada. Nesse cenário das fórmulas prontas, o sucesso não é percebido criticamente, o que esvazia qualquer possibilidade de sustentação a longo prazo. E mais, mantém o cliente refém da abordagem inicial. Já no caso daqueles que não alcançam os objetivos, a lógica, muito cômoda aos gurus, costuma ser a de que faltou esforço. Ou seja, é uma simples transferência de responsabilidade.

Por fim, cabe entender que fazer um trabalho com profundidade pode ser chato. Explicar as múltiplas possibilidades não é fácil. E é menos sedutor ainda ter que contar a um cliente que o caminho para a solidez será longo e árduo. Por isso, o discurso raso dos gurus, ao que parece, seguirá tendo lugar. Mas, por outro lado, há muitos hereges, como eu, dispostos aos sacrilégios. Dentre eles, o principal é dizer que sucesso rápido, fácil e garantido eu não prometo.

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